top of page
Buscar

Um texto, felizmente, inútil

  • Foto do escritor: Zestbooks editores
    Zestbooks editores
  • há 6 dias
  • 1 min de leitura

Longe vai o tempo — embora ainda me lembre bem demais — em que nas mesas das grandes editoras portuguesas apenas homens se sentavam. CEO, diretores, editores, CFO… mudavam-se os cargos, mas não o género. Reinava uma normalidade silenciosa que ninguém parecia questionar.

Vinte anos mudaram muito. O mundo mudou — e com ele mudou também o nosso pequeno mundo editorial. Hoje, já não causa espanto que a HarperCollins UK tenha uma mulher como CEO, que a Penguin Random House seja liderada por uma mulher nos EUA, ou que o mesmo aconteça em Espanha. Em Portugal, Clara Capitão lidera a Penguin Random House Grupo Editorial; na LeYa, Ana Duarte Bessa é CEO desde 2021 — num board onde, de cinco pessoas, apenas uma é homem. Na Almedina, Rita Pinto assumiu a casa fundada pelo avô; e Carla Oliveira, depois do trabalho notável na Orfeu, dirige hoje a Antígona. Não menos marcante é o percurso de Bárbara Bulhosa, que criou e consolidou a Tinta-da-China, uma das editoras mais inovadoras e influentes do país.

Num setor onde as mulheres sempre foram maioria no trabalho editorial, parecia haver um teto invisível que as impedia de chegar ao topo. Hoje, esse filtro começa finalmente a desaparecer. E não se trata de saber se “elas” são melhores — algumas são, outras não, como em qualquer grupo humano — mas de reconhecer que a diversidade traz riqueza, novas perspetivas e caminhos criativos que antes simplesmente não existiam.

O melhor de tudo? É perceber que este texto talvez já esteja a ficar ultrapassado. E isso — isso sabe-me mesmo bem.


 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comentários


bottom of page